A condição das estradas e o preço dos fretes

O quanto a condição das estradas brasileiras influencia no valor do frete? Você já se questionou isso?

Quando falamos de um setor que depende quase que exclusivamente da qualidade das estradas nacionais, chegamos a um ponto de grande carência. Hoje temos somente 12,4% da malha rodoviária pavimentada no país, algo que assombra não só o setor de logística, como a todos os seus dependentes.

O baixo número assusta ainda mais quando somos uma nação que aumentou em 63,6%a frota nacional, isso no período de 2009 a 2017, chegando a quase 100 milhões de veículos em circulação no Brasil. Ou seja, o desenvolvimento e cuidado para com as estradas, não acompanha a demanda do seu principal modal.

Destas 12,4% de rodovias pavimentadas,92,7%dessas são de pista simples e 61%apresentam problemas.

A precariedade dessas rotas afetam no tempo de entrega, no tempo de vida do veículo, no consumo de combustível, na segurança e saúde dos motoristas, e em regiões mais perigosas ainda corre-se o risco de assaltos a mercadoria. Logo, o valor do frete precisa ser trabalhado para que ao todo, supra certas necessidades.

Todos os valores citados são alguns dos fatores considerados para se elaborar o preço do frete, esses encarecendo-se para suprir os recursos investimentos em revisões e manutenções dos veículos.

Perdas pelo caminho

Os problemas encontrados nas estradas são diversos, e por entre uns buracos e outros, muita carga é perdida. Um dos principais mercados que perdem com isso, é o mercado de grãos. A cada ano, são toneladas de milho e soja que se perdem por entre as estradas brasileiras, forçando com que as empresas pensem nas mais diversas tecnologias para que não haja a perda.

Em 2015, por exemplo, segundo pesquisa do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), 2,38 milhões de toneladas de soja e milho foram desperdiçadas, algo que corresponde a 13,3% da safra. Número que em anos anteriores já chegou a 30%.

Para termos ainda mais noção, o que temos em perdas nas estradas representa cerca de 4,57% da produção de milho e soja da Argentina. Claro, considerar perdas é algo muito comum na logística, e já está incluso nas contabilidades e organizações estratégicas, entretanto o nosso valor ultrapassa o que seria “normal” para essa economia.

Competitividade prejudicada

Como visto, não só nesse artigo como também nos anteriores, ser um profissional do transporte não é nada fácil. São diversas as dificuldades encontradas pelo caminho em um país de dimensão continental. Contudo, engana-se quem pensa que temos “muitas” empresas de logística, pois pelo contrário, temos até menos do que a demanda exigiria.

Os empecilhos apresentados são alguns dos fatores que intimidam outras empresas a investirem no Brasil, pois os gastos e investimento em manutenção da frota são altos. O custo da logística no Brasil representa 12,7% do Produto Interno Bruto (PIB), contando transporte, armazenagem estoque e serviços administrativos, segundo o Ilos – Instituto de Logística e Supply Chain de 2016.Nos Estados Unidos, por exemplo, o custo é de 7,8% do PIB, essa diferença nos coloca em 55˚ lugar entre 160 países avaliados no relatório de logística do Banco Mundial.

A precariedade das estradas em nossos bolsos

Podemos assim dizer que a precariedade das estradas brasileiras afetam nossos bolsos não só quando somos motoristas, mas em um contexto geral, pois quem nunca pagou um frete? Mesmo quando compramos um produto em loja física, o valor do frete está incluso de alguma forma com que a loja não tenha prejuízo, ou seja, afeta o mercado e a economia de forma muito mais ampla do que imaginamos.

A falta de um olhar mais cuidadoso e atento as estradas, nosso principal modal, chega a ser uma incoerência, quando queremos que haja uma melhoria, evolução e melhor desempenho econômico e logístico. Como dito, as rodovias não estão conseguindo evoluir na mesma velocidade que a demanda rodoviária.

A cobrança para um maior cuidado e investimento nas estradas deve ser constante, uma luta que já vem de anos, mas ainda um desafio.

Mas e você? Tem algum relato e ou informação sobre esse tema?

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Fontes:

https://g1.globo.com/globonews/noticia/2018/08/07/brasil-perde-r-267-bi-por-ano-com-congestionamentos.ghtml

http://www.cordenonsi.com.br/pt-BR/detalhes-noticia/como-as-condicoes-das-estradas-influenciam-o-valor-do-frete

https://www.ecycle.com.br/component/content/article/13-consuma-consciencia/6754-transito-sp-impacto-no-bem-estar.html

https://www.bbc.com/portuguese/vert-aut-36574183

https://www.nsctotal.com.br/noticias/os-nos-do-transito-e-a-rotina-de-engarrafamentos-na-grande-florianopolis

https://exame.com/negocios/dino_old/custo-da-logistica-no-brasil-representa-127-do-pib-e-reduz-competitividade-da-economia/

https://www.sna.agr.br/estudo-mensura-custos-do-desperdicio-de-graos-no-pais/

https://www.atribuna.com.br/2.713/pesquisa-aponta-como-reduzir-perdas-na-operação-de-soja-1.43617

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