A ampliação das ferrovias impactará os caminhões?

Um país respira melhor quando seus modais funcionam bem, e permitem o mercado logístico escolher por onde é melhor transportar. São vários os países que com alta tecnologia ferroviária, investem também em potentes caminhões. Mas em um país continental como o Brasil, por quê depender tanto do modal rodoviária? Investir em ferrovias prejudicaria os caminhões?

Essa dúvida já é antiga no cenário nacional, visto que desde os anos 50 temos um alto investimentos nas rodovias, em contraponto as ferrovias que tiveram um decréscimo após os anos 40 do século passado, voltando a dar uma leve respirada por entre 1996, 1999 até 2011. Ainda assim, não temos uma malha ferroviária que se conversa por entre o país, com trilhos diferentes entre si e que dificultam uma locomoção nacional.

Entretanto, a questão não deve ser tratada como rodovia x ferrovia, mas sim como rodovia + ferrovia,como bem disse Samir Keedi, autor de vários livros em comércio exterior, transporte e logística, em seu artigo “Rodovia x Ferrovia ou Rodovia + Ferrovia?”. Não é saudável para o país e principalmente para os profissionais do transporte, uma dependência extrema de apenas um meio logístico, como ocorre no Brasil em relação aos caminhões.

Caminhoneiros, devido a alta demanda, são expostos a inúmeras situações de risco, seja de assaltos, a estradas em péssimas condições (já tratado aqui em outro artigo)que colocam o veículo e principalmente o motorista em perigo, números assombrosos de perdas no mercado de grãos, além da saúde mental dos motoristas pelas longas jornadas e pouco tempo no prazo de entrega.

Ter uma distribuição melhor dos meios de transporte, permite dar mais segurança aos profissionais, além da diminuição dos preços nos produtos, uma vez que muito do valor está considerando os custos do transporte. Em uma logística mais distribuída, longas distâncias poderiam muito bem serem feitas por meios ferroviários, enquanto os caminhões tomassem a responsabilidade de quilometragens menores e mais saudáveis ao motorista e ao veículo. É assim que funciona em países da Europa e nos Estados Unidos, no trabalho de equilíbrio e conciliação entre os dois modais.

Tendo o equilíbrio, com mais trens não diminuiria o número de caminhoneiros?

Visto que o trem, ao considerar uma abrangência nacional, é ideal para longas distâncias; não sairia em conta utilizá-lo para quilometragens curtas como 400, 500 e 600 quilômetros. O que se reduziria são as distâncias percorridas, e não o número de cargas, pois se a entrega é realizada “próximo”, ela já seria realizada de qualquer maneira. Junto da viagem menor, haveria mais tempo para outras entregas e todo esse movimento estaria inserido numa evolução de mercado. Do outro lado, não valeria a pena ao serviço ferroviário gastar energia para entregar em viagens curtas. Ou seja, os modais se completam e precisam um do outro para que não haja uma super demanda na qual para supri-la precise exigir em demasia dos caminhoneiros.

A velocidade com que os produtos estão chegando no mercado nacional, por meio da importação e de novas formas de se vender, considerando ainda o aumento dos pedidos pela internet que alavancaram desde o início da pandemia, exige que a funcionalidade de entrega evolua da mesma maneira, a fim de permitir que a logística respire e caminhe junta da evolução mercadológica, sem que ela precise saturar um modal.

Essa realidade está próxima?

A resposta é sim e não. O que se tem são as discussões e uma defesa para que se invista nos demais modais, principalmente o ferroviário, para tornar mais equilibrado e saudável para o setor rodoviário. Contudo, não é algo que ocorrerá amanhã, tampouco em anos próximos, mas sim que ainda precisa passar por diversos processos e avaliações, visto ser um alto investimento para o país.

Entretanto, é muito importante que haja esse diálogo entre os profissionais do transporte, com preparação e disposição à novas ideias, para que o rápido progresso do mercado chegue de forma natural e já esperada, sendo recebida de forma orgânica, e não como uma surpresa de super demanda.

Por fim, engana-se quem trata o avanço das ferrovias como uma ameaça, sendo que os dois modais possuem seus pontos e vantagens bem distintos, havendo uma necessidade mútua, e quando há a falta de um, há problemas a mais para o outro.

Gostou desse artigo? Quer saber ainda mais sobre como seria o meio rodoviário e ferroviário trabalhando juntos? Deixe nos comentários. Não esqueça de compartilhar. Até mais!

Fontes:

https://www.comexblog.com.br/logistica/rodovia-x-ferrovia-ou-rodovia-ferrovia/

https://www.veraveritas.eu/2014/04/ferrovia-ou-rodovia.html

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2007/03/30/ferrovias-versus-rodovias

https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2020/04/28/quarentena-muda-habitos-de-consumo-e-aumenta-vendas-online-em-parte-do-comercio-de-campinas.ghtml

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